JOAN BAEZ no livro ENTREVISTAS (2025) de Viviana Marcela Iriart, com fotos inéditas: "Joan Baez foi ameaçada de morte, proibida, perseguida...” : Julio Emilio Moline, co-diretor "Joan Baez na América Latina: There But For Fortune (documentário 1981)


JULIO EMILIO MOLINÉ: “O Brasil estava sofrendo uma epidemia de "carros-bomba" naqueles dias, (...)  e a ditadura utilizou esse fato para evitar os concertos de Joan para "proteger o público".





Joan Baez  maio1981 ©Julio Emilio Moliné



Depois daquela turnê histórica na que Joan Báez aterrorizou tanto assim aos ditadores da Argentina, o Chile e o Brasil, que eles  ameaçaram de morte a ela  e foi proibida de cantar, entre outras coisas, a lendária cantora, compositora e pacifista dará shows este mês de março nos mesmos países onde seu canto fez tremer  aos genocidas em 1981.


“A bela  Laura Bonaparte era uma psicanalista argentina. Em 11 de Junho de 1976, seu marido, bioquímico, foi levado de sua casa, na frente dela e nunca mais viu  a ele. Quando ela foi à procura de sua filha, que também tinha “desaparecido”, eles deram-lhe uma mão num frasco de vidro para que ela fizesse a identificação”. Joan Báez  And a Voice to Sing With  (autobiografia







Graças a   Joan Báez por sua valente e amorosa turnê de 1981 para trazer consolo, alegria e esperança às vitimas das ditaduras de Pinochet, Videla e João Baptista de Oliveira Figueiredo.

Graças a   Joan Baez porque apesar de ser ameaçada de morte, perseguida, proibida, ficou ao lado de nós, nos cantou e mostrou ao mundo o horror das ditaduras no maravilhoso documentário: Joan Baez in Latin America: There but for Fortune”.

Graças a  Joan Baez porque ela deu voz, rosto e humanidade ás vítimas.

Graças a   Joan Baez por denunciar da  mesma maneira  os crimes cometidos pelas ditaduras de direita, de esquerda e as democracias.

Graças a Joan Baez por sua luta pelos direitos humanos, sua oposição às guerras, a carreira armamentista, as discriminações, os regimes totalitários.

Graças a   Joan Baez por fazer-me conhecer aos 16 anos a não-violência e a sua diferença com a passividade.

Graças a   Joan Baez porque sua luta não se limita a cantar e dar declarações à imprensa, como esse documentário e esta reportagem (entre muitos outros fatos)  provam.

Graças a  Joan Baez por sua voz, que acalma todas as dores.

Graças a  Joan Baez por ser faro e bandeira, mas também dúvida.

E graças Julio Emiio Moliné   por compartilhar parte de suas lembranças e fotos daquela corajosa turnê da Joan Baez na América Latina... cá, por fortuna.






"Na Argentina, foi onde mais ameaçaram a  Joan, nos expulsaram de um hotel, jogaram bombas de gás lacrimogêneo (...) havia sempre um Ford Falcon sem placas nos seguindo por toda parte. Dentro dele estavam quatro rapazes misteriosos."






Julio, como é que você se integrou à turnê humanitária e shows que Joan Baez realizou em 1981 pela Argentina, o Brasil e o Chile para mostrar sua solidariedade com as vítimas dessas ditaduras?
 Uma manhã de segunda no final de abril de 1981 recebeu um telefonema no trabalho (eu trabalhava numa emissora de TV) do meu amigo John Chapman, um cineasta independente de São Francisco. Ele me disse: Você gostaria sair de turnê por América Latina com Joan Báez por um mês? O que você acha? Filmamos a ela e fazemos um documentário.”

Eu falo espanhol, tinha vivido muitos anos no Chile e  viajado pela Argentina, então John pensou que eu era um bom parceiro para esta aventura.  John era um cara muito interessante. Um pouco mais velho do que eu, ele tinha trabalhado em  Apocalypse Now  com Francis Coppola. Até está como figurante numa das últimas cenas do filme. Em 1978 ele foi para a Nicarágua durante a Revolução Sandinista e filmou um documentário muito bom,  Scenes of a Revolution.   Como eu também tinha filmado em Nicarágua, em seguida nos tornamos amigos.

Eu disse que sim, embora não tinha férias e teria que obter  permissão sem salário. O outro problema era  que minha esposa ficava grávida e nossa filha nasceria durante a turnê, então precisava falar com ela primeiro. Generosamente ela disse que sim. E nossa filha nasceu quando eu ficava em Buenos Aires.

Essa segunda à noite quando recebi o telefonema de John, nós nos encontramos  com Joan em um restaurante chinês em Palo Alto. Joan me deu o aval e começou os procedimentos de preparação.


Qual foi sua impressão de Joan?

Eu me lembro de estar um pouco chocado por estar comendo arroz chinês com uma pessoa tão famosa. Além de ser uma mulher muito bela, ela foi muito amigável e cálida. Ela fez muitas perguntas sobre a América Latina, algumas com boa informação e outras  não tanto e pagou pela comida.

 Ela me deixou uma impressão muito boa por sua cortesia e seu bom humor.

(...)

Fragmento do livro (espanhol) ENTREVISTAS





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